quarta-feira, abril 14, 2010

Inocência perdida

Minha, do L e do F, meus amigos de passeio, de horas no pátio em corridas para lado nenhum, em zaragatas pelos berlindes, em gargalhadas de cócegas e de brincadeiras de crianças aparentemente felizes.

Ontem, um deles, o  L, mais uma vez tentou tirar a própria vida. É o desespero de alguém que se desligou do mundo, que perdeu a capacidade de socializar, o seu mundo é o seu quarto, único local onde não tem medo das pessoas, da vida. Não sabe já ter uma conversa coerente e vive os dias numa realidade que lhe foi imposta pela doença.

De três amigos que éramos, sempre em aventuras por um Alentejo, onde a imaginação era a nossa maior aliada, eles lá ficaram,  L e  F , e eu, deixei-os para trás para viver uma vida supostamente melhor.

F  que deixou de ser o menino de caracóis loiros e olhos azuis, para ser, um homem extremamente magro de olhos encovados e perdidos, perdeu também a capacidade de manter o sorriso, os amigos e a capacidade de socializar, também tomado por uma doença que ele não admite ter e não sabe controlar.

Três amigos:  L quer morrer, F quer viver e esqueceu de como se faz e eu vivo da melhor forma que sei, sem nada poder fazer por eles.

1 comentário:

Stamp disse...

...sem palavras.