Minha, do L e do F, meus amigos de passeio, de horas no pátio em corridas para lado nenhum, em zaragatas pelos berlindes, em gargalhadas de cócegas e de brincadeiras de crianças aparentemente felizes.
Ontem, um deles, o L, mais uma vez tentou tirar a própria vida. É o desespero de alguém que se desligou do mundo, que perdeu a capacidade de socializar, o seu mundo é o seu quarto, único local onde não tem medo das pessoas, da vida. Não sabe já ter uma conversa coerente e vive os dias numa realidade que lhe foi imposta pela doença.
De três amigos que éramos, sempre em aventuras por um Alentejo, onde a imaginação era a nossa maior aliada, eles lá ficaram, L e F , e eu, deixei-os para trás para viver uma vida supostamente melhor.
F que deixou de ser o menino de caracóis loiros e olhos azuis, para ser, um homem extremamente magro de olhos encovados e perdidos, perdeu também a capacidade de manter o sorriso, os amigos e a capacidade de socializar, também tomado por uma doença que ele não admite ter e não sabe controlar.
Três amigos: L quer morrer, F quer viver e esqueceu de como se faz e eu vivo da melhor forma que sei, sem nada poder fazer por eles.
1 comentário:
...sem palavras.
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