sexta-feira, agosto 21, 2009

O meu melhor vestido.

Acordei com o o sol a espreitar pelas fretas da janela. O calor que de lá vinha aquecia-me o rosto, quase que a dizer para sair, abraçar esse novo dia que eu sabia que não era como qualquer outro, pois na noite anterior entre lagrimas suspiros e alguns tintos, tomei a decisão. Ìa procurar-te.
Arrastei-me para fora da cama e dei uma rápida olhadela pelo armário, onde arrumados estavam todos os sapatos que comprei quando a vida não me corria bem, as dezenas de blusas, calças que eram minhas mas que da sua maioria desconhecia a existência, mas bastou um olhar para saber exactamente o que vestir. E era aquele vestido, com flores de cores garridas, que lembrava a jasmim e campo, noites longas e fruta fresca.
No corpo passei o creme de côco e o perfume a flores do campo. Nas pestanas passei o rimmel e nos lábios o vermelho mais pálido que encontrei, que apenas te quisesse dizer que te desejo mas que não te anseio. E o vestido, que mostrava o melhor de mim, mostrava a mulher, a verdadeira.
Peguei nas chaves e saí, sabia exactamente que caminho seguir, onde aquela hora estarias, seria tudo tão fácil, da minha boca íam sair exactamente as palavras que estudei, numa frase conseguiria dizer tudo aquilo que sempre te quis dizer e muito provavelmente iriamos fundir-nos num abraço, um beijo sentido e o mundo iria parar à nossa volta.
Cheguei. Vi a tua porta entre aberta, ainda me atrevi a pensar que me tinhas visto chegar e me esperavas, o meu sorriso abriu. Entrei. A casa cheirava a ti. O sol estava agora bem no alto e o calor era forte e o ar quase irrespirável, também da ansiedade que carregava.
Mas tu não estavas, nunca estiveste. Ao fundo no espelho, única coisa que encontrei naquela casa além de uns vinis, eu reflectida nele. Linda, com o meu vestido, o meu melhor vestido. As lágrimas que me caiam no rosto cairam no meu melhor vestido e tu não estavas lá.
Nunca lá estiveste.

Sem comentários: