segunda-feira, outubro 06, 2008

linhas da minha cubanita favorita...parte delas inspirada em mim

"Com chegar aos 30 e achar que ainda não vivemos, não fizemos, não sentimos, não tivemos, não vimos o suficiente, e entretanto chegou o primeiro cabelo branco e a primeira ruga? Se for o caso, sinto-me extremamente precoce. Rimbaud escreveu a sua obra poética antes dos 19 anos, Jean Vigo realizou L´Atalante com 29 (é pena ter morrido nesse mesmo ano), Ian Curtis decidiu matar-se com 23 anos e, apesar de ser um puto, já era suficientemente grande para vir fazer parte das escassas referências sobre o Pop inglês que tenho, e Lauren Bacall, com 20 anos, passou a ser um ícone de Hollywood e o amor do Boggie.

E nós andamos por aqui, entretidas com o nosso quotidiano e a pautar o nosso tempo por pequenos acontecimentos felizes, que se repetem ciclicamente, em função dos quais organizamos a nossa experiência para que não nos pareça assim tão insignificante.
E quando temos um tempinho começam as eternas questões: Porque custa tanto perceber que o amor não é um contrato? Que não faz sentido ficarmos em casa por lealdade quando aquilo a que chamávamos casa passa a ser um lugar estranho e assombrado? Que as boas intenções podem ser egoístas? Como é que um dia somos sublimes na entrega para logo a seguir andar a rapinar tudo aquilo em que nos sustentávamos?
Existe o conceito de tempo recuperado?

Chega-se ao tempo recuperado após andarmos em busca do tempo perdido? Porque é que é tudo tão frágil e tão precário e tão substituível? Anyway... diarreia mental como diria o meu “papá” cubano.
Vamos dar a volta ao mundo, se não em 80 dias, pelo menos em várias centenas, ou então optemos por dar a volta ao dia em 80 mundos como Cortázar.

Vamos ver a aurora boreal e os touros de Pamplona e apanhar morangos silvestres na Suécia para honrar o Bergman, aproveitando a ausência do homem certo que combine com um certo vestido, uns certos sapatos e um certo penteado numa noite azul.

Vamos devorar despreocupadamente 2000 calorias em gelados em S. Gimignano (parece que são os melhores do mundo), andar pelos Andes com uma lama, dançar um tango baixo a chuva numa rua em Buenos Aires (so corny!!!!), procurar castelos no Loire e beber mojitos a noite toda, num bar bem pequenino e quente, daqueles que povoam o porto de Havana e que eram povoados, antigamente, por marinheiros, prostitutas e conspiradores, quando nós ainda éramos microscópicas. É isso mesmo, façamos pela dopamina seguindo os sábios conselhos do Maestro Piñeiro: Meninas, “Echenle salsita”!
"


Lilian Rivera, Outubro de 2008

3 comentários:

Anónimo disse...

Belo filme, o Atalante. Tudo muito certo.

Bloguer natural disaster disse...

Este teu post é daqueles que dá que pensar... Beijo grande amiga

Paulo disse...

Bora lá? Olha, vai ali um, não sei para onde vai, mas que é que isso interessa? é amarelo e isso já é suficiente